sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Bom dia gente, faz um tempinho que não postei nada, mas como alguns já sabem, a minha vida é corrida por demais :) Algumas pessoas sabem que sou apaixonada por crônicas e contos, então resolvi, nesse mês de agosto, escrever sobre crônicas e escrever as minhas crônicas. A princípio postarei  um texto introdutório para vocês ficarem por dentro de o que é uma crônica e como ela se caracteriza. O texto é A Vida ao Rés-do-Chão, de Antônio Cândido e aborda sobre a crônica de uma forma leve e muito poética. Apreciem a leitura !! Tentarei, chaque jour, postar uma das minhas crônicas e fazer com que esse gênero não seja esquecido, e instigar também, vocês leitores a escrever suas próprias crônicas. 


A vida ao rés-do-chão 


Antônio Cândido 

A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor.

“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir de caminho não apenas para a vida, que ela serve de perto, mas para a literatura, como dizem os quatro cronistas deste livro na linda introdução ao primeiro volume da série. Por meio dos assuntos, da composição solta, do ar de coisa sem necessidade que costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo o dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permite, como compensação sorrateira, recuperar com a outra mão certa profundidade de significado e certo acabamento de forma, que de repente podem fazer dela uma inesperada embora discreta candidata à perfeição. É o que o leitor verá em muitas que compõem este volume e os que o precederam na mesma série.

Mas, antes de chegar nelas, vamos pensar um pouco na própria crônica como gênero. Lembrar, por exemplo, que o fato de ficar tão perto do dia-a-dia age como quebra do monumental e da ênfase. Não que estas coisas sejam necessariamente ruins. Há estilos roncantes mas eficientes, e muita grandiloqüência consegue não só arrepiar, mas nos deixar honestamente admirados. O problema é que a magnitude do assunto e a pompa da linguagem podem atuar como disfarce da realidade e mesmo da verdade. A literatura corre com freqüência este risco, cujo resultado é quebrar no leitor a possibilidade de ver as coisas com retidão e pensar em conseqüência disto. Ora, a crônica está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas e das pessoas. Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas. Ela é amiga da verdade e da poesia nas suas formas mais diretas e também nas suas formas mais fantásticas, sobretudo porque quase sempre utiliza o humor.

Isto acontece porque não tem pretensões a durar, uma vez que é filha do jornal e da era da máquina, onde tudo acaba tão depressa. Ela não foi feita originalmente para o livro, mas para essa publicação efêmera que se compra num dia e no dia seguinte é usada para embrulhar um par de sapatos ou forrar o chão da cozinha. Por se abrigar nesse veículo transitório, o seu intuito não é o dos escritores que pensam em “ficar”, isto é, permanecer na lembrança e na admiração da posteridade; e a sua perspectiva não é a dos que escrevem do alto da montanha, mas do simples rés-do-chão. Por isso mesmo, consegue quase sem querer transformar a literatura em algo íntimo com relação à vida de cada um; e, quando passa do jornal ao livro, nós verificamos meio espantados que a sua durabilidade pode ser maior do que ela própria pensava. Como no preceito evangélico, aquele que quer salvar-se acaba por perder-se; e aquele que não teme perder-se acaba por se salvar. No caso da crônica, talvez como prêmio por ser tão despretensiosa, insinuante e reveladora. E também porque ensina a conviver intimamente com a palavra, fazendo que ela não se dissolva de todo ou depressa demais no contexto, mas ganhe relevo, permitindo que o leitor a sinta na forma dos seus valores próprios.


Retificando o que ficou dito atrás, ela não nasceu propriamente com o jornal, mas só quando este se tornou quotidiano, de tiragem relativamente grande e teor acessível, istó é, há pouco mais de um século e meio. No Brasil, ela tem uma boa história, e até se poderia dizer que sob vários aspectos é um gênero brasileiro, pela naturalidade com que se aclimatou aqui e a originalidade com que aqui se desenvolveu. Antes de ser crônica propriamente dita foi “folhetim”, ou seja, um artigo de rodapé sobre as questões do dia – políticas, sociais, artísticas, literárias. Assim eram os da seção “Ao correr da pena”, título significativo a cuja sombra José de Alencar escrevia semanalmente para o Correio Mercantil, de 1854 a 1855. Aos poucos o “folhetim” foi encurtando e ganhando certa gratuidade, certo ar de quem está escrevendo à toa, sem dar muita importância. Depois, entrou francamente pelo tom ligeiro e encolheu de tamanho, até chegar ao que é hoje.

Ao longo deste percurso, foi largando cada vez mais a intenção de informar e comentar (deixadas a outros tipos de jornalismo), para ficar sobretudo com a de divertir. A linguagem se tornou mais leve, mais descompromissada e (fato decisivo) se afastou da lógica argumentativa ou da crítica política, para penetrar poesia adentro. Creio que a fórmula moderna, na qual entra um fato miúdo e um toque humorístico, com o seuquantum satis de poesia, representa o amadurecimento e o encontro mais puro da crônica consigo mesma.

No século passado, em José de Alencar, Francisco Otaviano e mesmo Machado de Assis, ainda se notava mais o corte de artigo leve. Em França Júnior já é nítida uma redução de escala nos temas, ligada ao incremento do humor e certo toque de gratuidade. Olavo Bilac, mestre da crônica leve e aliviada de peso, guarda um pouco do comentário antigo, mas amplia a dose poética, enquanto João do Rio se inclina para o humor e o sarcasmo, que contrabalançam um pouco a tara de esnobismo. Eles e muitos outros, maiores e menores, de Carmen Dolores a João Luso até nossos dias, contribuíram para fazer do gênero este produto sui generis do jornalismo literário brasileiro que ele é hoje.

A leitura de Bilac é instrutiva para mostrar como a crônica já estava brasileira, gratuita e meio lírico-humorística, a ponto de obrigá-lo a amainar a linguagem, descascá-la dos adjetivos mais retumbantes e das construções mais raras, como as que ocorrem na sua poesia e na prosa das suas conferências e discursos. Mas que encolhem nas crônicas. É que nelas parece não caber a sintaxe rebuscada, com inversões freqüentes; nem o vocabulário “opulento”, como se dizia, para significar que era variado, modulando sinônimos e palavras tão raras quanto bem-soantes. Num país como o Brasil, onde se costumava identificar a superioridade intelectual e literária com grandiloqüência e requinte gramatical, a crônica operou milagres de simplificação e naturalidade, que atingiram o ponto máximo nos nossos dias, como se pode ver nas deste livro.

O seu grande prestígio atual é um bom sintoma do progresso de busca da oralidade na escrita, isto é, na quebra do artifício e aproximação com o que há de mais natural no modo de ser do nosso tempo. E isto é humanização da melhor. Quando vejo que os professores de agora fazem os alunos lerem cada vez mais as crônicas, fico pensando a importância deste agente de uma visão mais moderna na sua simplicidade reveladora e penetrante.

No meu tempo, entre as leituras preferidas para a sala de aula estavam os discursos: exórdio do sermão de são Pedro de Alcântara, de Monte Alverne; trechos do sermão da Sexagésima, de Vieira.; Oração da coroa, de Demóstenes, na tradução de Latino Coelho; Rui Barbosa sobre o jogo, o chicote, a missão dos moços. Um sinal favorável dos tempos é esta passagem do discurso, com a sua inflação verbal, para a crônica e seu tom menor de coisa familiar.

Acho que foi no decênio de 1930 que a crônica moderna se consolidou no Brasil, como gênero bem nosso, cultivado por um número crescente de escritores e jornalistas, com os seus rotineiros e os seus mestres. Nos anos 30 se afirmaram Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e apareceu aquele que de certo modo seria ocronista, voltado de maneira praticamente exclusiva para este gênero: Rubem Braga.

Tanto em Drummond quanto nele, observamos um traço que não é raro na configuração da moderna crônica brasileira: a confluência, na maneira de escrever, da tradição, digamos clássica, com a prosa modernista. Esta fórmula foi bem manipulada em Minas (onde Rubem Braga viveu alguns anos decisivos); e dela se beneficiaram os que surgiram nos anos 40 e 50, como Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos. É como se (imaginemos) a linguagem seca e límpida de Manuel Bandeira, coloquial e corretíssima, se misturasse com o ritmo falado da de Mário de Andrade, com uma pitada do arcaísmo programado pelos mineiros.

Neles todos, e nalguns outros que não estão aqui, como, por exemplo, Raquel de Queiroz, há um traço comum: deixando de ser comentário mais ou menos argumentativo e expositivo, para virar uma conversa aparentemente fiada, foi como se a crônica pusesse de lado qualquer seriedade no tratamento de problemas. Mas observem bem as deste livro. É curioso como elas mantêm o ar despreocupado, de quem está falando de coisas sem maior conseqüência e, no entanto, não apenas entram fundo no significado dos atos e sentimentos do homem, mas podem levar longe a crítica social. Veja-se a extraordinária “Carta a uma senhora”, de Carlos Drummond de Andrade, onde a menininha que não possui nem vinte cruzeiros faz desfilar na imaginação os presentes que desejaria oferecer à sua mãe no Dia das Mães. É como se ela estivesse do lado de fora de uma vitrine imensa, onde se acham os objetos maravilhosos que a propaganda criadora de aspirações e necessidades transformou em bens ideais. Ela os enumera numa escrita que o cronista fez ao mesmo tempo belíssima e liricamente infantil. A impressão do leitor é de divertida simplicidade que se esgota em si mesma; mas por trás está todo o drama da sociedade chamada de consumo, muito mais iníqua num país como o nosso, cheio de pobres e miseráveis que ficam alijados da sua miragem sedutora e inacessível:


Mammy, o braço dói de escrever e tinha um liquidificador de 3 velocidades, sempre quis que a Sra. não tomasse trabalho de espremer laranja, a máquina de tricô faz 500 pontos, a Sra. sozinha faz muito mais. Um secador de cabelo para Mammy! gritei, com capacete plástico mas passei adiante, a Sra. não é desses luxos, e a poltrona anatômica me tentou, é um estouro, mas eu sabia que a Mãezinha nunca tem tempo de sentar. Mais o quê? Ah sim, o colár de pérolas acetinadas, caixa de talco de plástico perolado, par de meias, etc.

Veja-se depois, no limite do patético, firme e discretamente evitado pelo autor, a “Última crônica”, de Fernando Sabino: a família pobre que vai ao botequim celebrar o aniversário da menina, com um pedaço de bolo onde o pai finca e acende três velinhas trazidas no bolso. Não será a mesma criança que escreveu a mirífica do Dia das Mães? Diz o cronista:


Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo do seu disperso conetúdo humano, fruto da convivência que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante na esquina, quer nas palavras de uma criança ou num incidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo o meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “assim queria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

É quando vê o casal com a filhinha e assiste ao ritual modesto. Mas as suas reflexões, a maestria com que constrói a cena e todo o ritmo emocionado sob a superfície do humor lírico – constituem ao mesmo tempo uma pequena e despretensiosa teoria da crônica, deixando ver o que sugeri, isto é, por baixo dela há sempre muita riqueza para o leitor explorar. Dizendo isto, não quero transformar em tratados essas peças leves. Ao contrário. Quero dizer que por serem leves e acessíveis talvez elas comuniquem, mais do que poderia fazer um estudo intencional, a visão humana do homem na sua vida de todo o dia.

É importante insistir no papel da simplicidade e da brevidade e graça próprias da crônica. Os professores incutem muitas vezes nos alunos (inclusive sem querer) uma falsa idéia de seriedade; uma noção duvidosa de que as coisas sérias são graves, pesadas, e que, conseqüentemente a leveza é superficial. Na verdade, aprende-se muito quando se diverte, e aqueles traços constitutivos da crônica são um veículo privilegiado para mostrar de modo persuasivo muita coisa que, divertindo, atrai, inspira e faz amadurecer a nossa visão das coisas.

Este livro está cheio de exemplos disso; é quase só isso, de começo a fim. Nele são raros os momentos de utilização da crônica como militância, isto é, participação decidida na realidade com o intuito de mudá-la, coisa que apenas perpassa em “Luto da família Silva”, de Rubem Braga, cujo assunto é a grande maioria dos homens que sua e pena para fazer funcionar a máquina da sociedade em benefício de uns poucos:


A gente da nossa família trabalha nas plantações de mate, nos pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balções, no mato, nas cozinhas, em todo o lugar onde se trabalha. Nossa família quebra pedras, faz telhas de barro, laça os bois, levanta os prédios, conduz os bondes, enrola o tapete do circo, enche os porões dos navios, conta dinheiro dos Bancos, faz os jormais, serve no Exército e na Marinha. Nossa família é feito Maria Polaca: faz tudo.

Apesar disso, João da Silva, nós temos de enterrar você é mesmo na vala comum. Na vala comum da miséria. Na vala comum da glória, João da Silva. Porque nossa família um dia há de subir na política…

Aliás, este é um bom exemplo de como a crônica pode dizer as coisas mais sérias e mais empenhadas por meio do ziguezague de uma aparente conversa fiada. Mas igualmente sérias são as descrições alegres da vida, o relato caprichoso dos fatos, o desenho de certos tipos humanos, o mero registro daquele inesperado que surge de repente e que Fernando Sabino procura captar, como explica na crônica citada mais acima. Tudo é vida, tudo é motivo de experiência e reflexão, ou simplesmente de divertimento, de esquecimento momentâneo de nós mesmos a troco do sonho ou da piada que nos transporta ao mundo da imaginação, para voltarmos mais maduros à vida, conforme o sábio.

Para conseguir-se este efeito, o cronista usa diversos meios. Neste livro há crônicas que são diálogos, como “Gravação”, de Carlos Drummond de Andrade, ou “Conversinha mineira” e “Albertina”, de Fernando Sabino. Outras parecem marchar rumo ao conto, à narrativa mais espraiada, com certa estrutura de ficção, como “Os Teixeiras”, de Rubem Braga; ou parecem anedotas desdobradas, como “A mulher do vizinho”, de Fernando Sabino. Nalguns casos o cronista se aproxima da exposição poética ou de certo tipo de biografia lírica, como vemos em Paulo Mendes Campos: “Ser brotinho” e “Maria José”, ambas admiráveis.

“Ser brotinho” é construída por enumeração, como certos poemas de Vinícius de Moraes. Parece uma divagação livre, uma cadeia de associações totalmente sem necessidade, que deveria resultar em simples acúmulo de palavras. Mas eis que o milagre da inspiração (isto é, o poder misterioso de fazer as palavras funcionarem de maneira diferente em combinações inesperadas) vai organizando um sistema expressivo tão perfeito, que no fim ele aparece como a própria necessidade das coisas:


Ser brotinho é poder usar óculos como se fosse enfeite, como um adjetivo para o rosto e para o espírito. É esvaziar o sentido das coisas que transbordam de sentido, mas é também dar sentido de repente ao vácuo absoluto. É aguardar com paciência e frieza o momento exato de vingar-se da má amiga. É ter a bolsa cheia de pedacinhos de papel, recados que os anacolutos tornam misteriosos, anotações criptográficas sobre o tributo da natureza feminina, uma cédula de dois cruzeiros com uma sentença hermética escrita a batom, toda uma biografia esparsa que pode ser atirada de súbito ao vento que passa. Ser brotinho é a inclinação do momento.

O leitor fica perguntando se ser brotinho não é um pouco ser cronista – dando aos objetos e aos sentimentos um arranjo tão aparentemente desarranjado e na verdade tão expressivo, tirando significados do que parece insignificante. “[…] dar sentido de repente ao vácuo absoluto” é a magia da crônica.

Parece às vezes que escrever crônica obriga a uma certa comunhão, produz um ar de família que aproxima os autores num nível acima da sua singularidade e das suas diferenças. É que a crônica brasileira bem realizada participa de uma língua-geral lírica, irônica, casual, ora precisa, ora vaga, amparada por um diálogo rápido e certeiro, ou por uma espécie de monólogo comunicativo.

Nos autores desse livro percebemos tanto essa comunidade quanto o vinco da sua maneira pessoal. Apenas um deles é cronista puro, ou quase: Rubem Braga. Mas todos escrevem como se este fosse o seu veículo predileto, embora sintamos em cada um a presença nutritiva das suas outras atividades literárias: a precisão de Drummond, o movimento nervoso de Fernando Sabino, a larga onda lírica em Paulo Mendes Campos. Provindos de três gerações, eles se encontram aqui numa espécie de espetáculo fraterno, mostrando a força da crônica brasileira e sugerindo a sua capacidade de traçar o perfil do mundo e dos homens.



sábado, 30 de julho de 2016

[As coisas resolvem-se sempre, não é?]

        De uma forma sonolenta e cuidadosa, saiu da cama, agradeceu por mais um dia, vestiu um robe e foi para a cozinha. Fazia isso todos os dias, e pensou: "que ritual o meu". Precisava de um café, pois assim como a noite, e toda a semana foi complicada, e era notório em seu rosto e corpo cansados. Tudo rugia, as dores no corpo, a dor de cabeça e um baita resfriado, e ela sempre tentando ignorar esses momentos, mas, operação realizada sem sucesso. Hoje ela fez o café, sentou-se na varanda, nessas cadeiras de descanso, que você senta e não da vontade de sair mais, bebeu seu café com facilidade, pois o dia estava frio, e o café bem quentinho. Tinha fome, comeu um pãozinho que tinha acabado de sair do forno. Pegou um livro, pois ler era uma terapia quando a vida teimava em fazer-lhe mal. Começou a ler, e se deparou com uma história, história de morte e refletiu: “às vezes a morte parece-me uma realidade mais satisfatória do que a vida em certas circunstâncias, e sei que a um tipo de paz que a morte pode trazer”. Não pensava frequentemente nisso, mas havia dias em que lhe passava essa ideia pela cabeça, talvez porque tinha curiosidade de saber como era a morte, ou qual a sensação de morrer, leu, página por página, minuciosamente, uma espécie de auto-destruição por um bem maior. Enquanto lia, bebia seu café, o café acabou. Colocou outra xícara, porque a vontade de voltar pra cama e pro quarto passou, porque a realidade do que se passava na varanda, no café e na leitura, era mais real. No fundo de sua alma, ela só queria paz, paz de corpo e alma, pois é sempre o nosso corpo que nos revela os sinais dos cansaços das lutas diárias. Sabe-se Deus o que se passava na mente dela, gostava de ficar consigo, sozinha, a ler e desfrutar de alguns mínimos prazeres que a vida oferece. No entanto, enquanto bebia seu café, mentalizava que era tudo na sua cabeça. Que ela que precisava de criar certos filmes para sentir que as coisas ainda estavam vivas, que ainda se tem muito tempo pela frente, e que as coisas boas vão acontecer. Deveria ela estar a alimentar uma ideia de que era culpa sua? Talvez fosse, ou talvez foi o seu destino que quis assim, ou talvez lá na frente, em um tempo que não será muito distante, Deus tenha preparado algo melhor para a sua vida, e ela entenderá que tudo que acontece é de acordo com os planos dele. "Um dia de cada vez", pensou. O dia de amanhã vai ser melhor. Além disso, não desistia com a facilidade que deveria e isso era uma das coisas que sempre considerara um ponto forte. Lute até o final, pois o final tem muito para dar. É só um mal mês, pensou. As coisas resolvem-se sempre, não é?



Tainah P. 
30/07/16




sexta-feira, 29 de julho de 2016

[ Mais um dos meus escritos ]

      Nascemos com a difícil tarefa de aprender a conviver com nós mesmos e com os outros. Começamos a crescer e passar a entender tudo aquilo que se passa dentro de nós. Vem o passado e nos mostra que nossas certezas nem sempre são tão certas assim. Alguns tempos depois as despedidas começam e se tornam dolorosas como o tempo. Primeiro o adeus para as amigas de infância (que até pouco tempo eram eternas), adeus aos desenhos animados (se bem que até hoje eu assisto, mas não como antes), adeus ao tremendo cheiro de comida das 11:00 feita pela mãe, adeus pai levando na escola, adeus brincar na rua, adeus à delícia de ser criança. Em meio a tantos adeus e a tantas mudanças percebemos que estamos crescendo, que seu antigo eu ficou pra trás e que você não sabe se já existe uma nova versão de você. Agora veio uma rotina e problemas diferentes – se bem que, antigamente nós não tínhamos problemas e achávamos que tínhamos - você tem compromissos, tem que estudar e ralar muito pra conseguir algo, tem casa para cuidar, um cronograma para seguir e contas para pagar e tudo isso depende só de você. Ai de repente bate aquela imensa saudade de que tudo o que já se passou. E junto com a saudade vem aquele medo e a sensação de culpa, de ter feito algo errado, de ser culpada porque algo que não deu certo. Ai você percebe que isso é consequência de amadurecer, de tomar decisões, decisões que nem sempre queremos tomar. Quando se tem 15 anos não dá pra se exigir muito, nem quando se tem 20, como no meu caso. Quando eu era adolescente, não que eu seja uma velha e seja o barril da experiência, eu tinha medo de filmes terror, amava os filmes da Marvel, e aqueles filmes romanticozinhos de adolescentes como os da Miley Cyrus, Selena Gomez e dentre muitos outros. Quando ia assistir algum filme eu sempre optava por desenhos, séries animadas, “filmes bestinhas de crianças” e chegou um certo tempo que me questionei. “-Mas por que assistir a esses filmes?” E percebi que era porque eu estava amadurecendo aos poucos. De uns anos pra cá me vi mais madura, apesar de eu achar que sempre fui, por ter que tomar decisões adultas, de conviver com pessoas adultas, de precisar ter uma cabeça adulta pra conseguir encarar todas as tribulações que acontecem nas nossas vidas. Daí percebi que hoje em dia busco filmes diferentes, com um roteiro bem construído, onde tudo se encaixa, como as comédias românticas ou aqueles romances puros. Entretanto, entendi que os filmes que buscamos refletem o nosso estado de espírito, refletem os momentos que estamos a viver e os que queremos viver, aqueles em que o romance predomina no ar e os casais sempre terminam felizes. Mas você também percebe o tanto que esse amadurecimento te mudou, seja pelas tantas experiências, em que aprendeu com os próprios erros, ou pelas decepções na amizade e no amor, ou porque ao longo desse tempo eu conheci pessoas muito especiais e fui capaz de me espelhar nelas, para me tornar uma pessoa diferente, ou melhor. O tempo passou, eu mudei e nem todos conseguiram me acompanhar, mas apesar de tudo valeu, valeu de aprendizado, eu vivi e pude sentir múltiplas emoções. A vida segue, o tempo nunca para, o que você tem que fazer é seguir em frente com fé em Deus e confiança em si mesmo. Você só precisa se preocupar apenas em ser o suficiente para você mesmo.



Tainah Palmeira 


terça-feira, 19 de julho de 2016

Poema - [Paredes]


Ah as paredes !
Por mim, tanto faz...
Elas podem ser lilás como as do meu quarto
Ou pretas como as do seu
Mas que sejam elas
Elas sempre serão eternas cúmplices de fatos
Para aqueles que verdadeiramente se amam
Instantes...
Momentos...
Elas sempre serão cúmplices de fatos
Seja na imersão dos meus pensamentos
Ou dos pensamentos em você
Cada canto delas tem um verso meu e seu
Cada linha...  Cada estrofe... Cada rima...
Mesmo aquelas sem graça que você faz pra mim
E as que eu componho pra você
Elas expressam o que sinto
Aprecie com muito cuidado
Leia-as com o mais puro carinho
E veras...
Um pouco de mim.



Tainah Palmeira





segunda-feira, 18 de julho de 2016

Crônica - [ Das coisas do amor ]




Pensando em relacionamentos, o que agente mais quer é que eles durem muitos e muitos anos, como, é claro, em todos os contos de fadas que sempre terminam com a velha frase: “e viveram felizes para sempre...”. Só que trazendo esse pensamento para o mundo real, sabemos bem que eles não são como os contos de fadas, não são como as histórias, em que sempre vai haver um príncipe lindo, perfeito e encantado que se apaixona por uma princesa ou plebeia e vivem felizes para sempre, chega até ser nostálgico, mas enfim! Como seres humanos, cheios de vida, estamos sempre sujeitos a cometer erros, seja atos, palavras, dificuldades, medo, troca de personalidade ou até mesmo pela rotina cansativa, que sem percebermos, magoamos os outros pelo simples gestos ou simplesmente pela falta de atenção quando o outro mais precisa. Por isso, quando as pessoas me pedem conselhos (pois é, as pessoas me pedem conselhos!) eu sempre tento analisar, mentalmente, aquela situação, me pondo no lugar da pessoa e tentando fazer de tudo para resolver do meu jeito, mas as coisas nunca acontecem do jeito que queremos. Alguns dias atrás me deparei com um momento meio bobo, que teve bastante significado pra mim, um certo alguém estava em um boteco com os amigos, de repente parou e falou: “- vou mandar uma mensagem dizendo que amo ela.”, na hora, seus amigos riram, talvez porque não entendiam o significado do amor ou por zoação mesmo. Daí fiquei imaginando, ele não precisou se ajoelhar com um buquê de flores para se declarar, ou falar tantas palavras de amor na frente dos outros. Pra mim, o amor de verdade é assim, é os simples gestos, seja eles ditos com palavras, ou até por uma mensagem mesmo. Ele vem em pequenas doses e pequenos frascos, e acontecem nos momentos mais banais em que menos esperamos. Ele vem em forma de amizade, carinho, respeito, companheirismo, admiração, generosidade e renuncia. RENUNCIA, eis uma das coisas que é de extrema importância em um relacionamento. O orgulho não deixa muitos relacionamentos darem certo, porque pra se viver junto é preciso renunciar a muitas coisas, é preciso ceder pelo outro, deixar de fazer o que você gosta para fazer o que o outro gosta e é difícil para as pessoas aprenderem isso. É preciso ceder dos dois lados, abrir mão de prazeres e até mesmo da razão, pois sempre alguém tem que ceder e admitir que está errado, que errou, e que está ali pra pedir perdão. O amor requer esforços de ambos. É preciso amar com a rotina corrida, é preciso amar na raiva e na decepção, o que você tem que fazer é mater a calma, resgatar, ir bem la no fundo do seu peito, e puxar aquele sentimento que você não consegue explicar pra ninguém, aquele sentimento em que você se pergunta o que eu fiz pra merecer o amor dessa pessoa, aquele sentimento em que você diz eu sou a mulher mais feliz do mundo. De fato, não se precisa de muitas e grandes demonstrações, o pior e maior erro das pessoas, é muitas vezes acreditar e esperar que aqueles momentos dos contos de fadas, ou daqueles romances franceses, aconteçam e esquece aquele jantar simples à dois na mesa, aquele enroscar de pés embaixo da mesa, ou na cama, aquele beijo no cangote, aquele carinho, aquela cafuné no cabelo e aquele abraço de urso, que aconchega até a alma. Tenho dito, a amor mora nos pequenos gestos, nos pequenos detalhes. Por isso, ceda, faça esforços pelo outro, encontre a felicidade nos detalhes da rotina, no sólido, no real, porque são esses momentos que nos marcam infinitamente.

Tainah Palmeira
Bises :* 

domingo, 17 de julho de 2016

Crônica - Positividade

RAZÃO. Creio que tudo nessa vida acontece por uma razão. Seja qual for!
Mas, o que mais sei, é que as coisas só nos acontece quando trabalhamos e batalhamos para que elas aconteçam, e claro, para que isso aconteça, é preciso de uma dosagem imensa de energias positivas. Sou bastante supersticiosa, tradicional, e gosto de dizer que tudo aquilo que recebo eu emano. Emano deriva da palavra exalar, e sempre gosto de dizer, que exalo amor, que exalo bondade, que exalo vida e felicidade, que exalo o perfume das minhas flores, na qual, a essência sai pela boca e o coração. Foi por isso que mudei a forma de ver a vida, de vivê-la. E desde o momento em que tenho conseguido alcançar os meus objetivos, é claro, um de cada vez, eu vou subindo a minha escada, essa longa escada da vida, degrau por degrau, confiante de que, trabalhando e lutando pelos meus sonhos, conseguirei chegar onde me proponho.
            Já faz um certo tempo que peguei no meu lápis e escrevi – e estou escrevendo- com a ajuda de Deus, a minha história. E assim estou, bem feliz! Já faz um tempo que deixei de assemelhar a minha vida com a dos outros. Há muito tempo eu sei que o que eu tenho – valores, amores, sabedorias, compaixão- são só meus e a mim se deve. E que só eu posso caminhar na minha vida. E nesse caminhar, sempre haverá pessoas com muitas negatividades a sua volta, mas sei também que haverá aquelas com uma positividade muito boa, e que tentam drenar as ruins e exalar as boas.
Nem sempre vai ocorrer tudo bem. Sempre vai existir alguém pra nos dizer que você não merece aquilo que tem, que você não vale nada, nem aquilo o que tem. É normal, nem tudo vai ser flores. Mesmo se elas murcharem, regue-as, trate-as com todo o carinho, faça-as florescer, e preencha o seu caminho com muitas delas. Aprenda a aceitar os espinhos. Eles também fazem parte das flores. É normal e aprendi aceitá-los. Este é o meu caminho, e ele corre muito bem, melhor do que eu planeei. Nada a se preocupar. Minha vida é assim mesmo, só minha. Eu faço e tento fazer dela o melhor que consigo. Gosto de viver assim. Levo comigo sempre a minha positividade. Eu só tenho que agradecer a toda gente que me enche de positividade, de alegrias e boas risadas. Todo o resto é o farelo da história, que já não interessa mais.

            Há que diga que, felicidade é pra ser vivida e não mostrada. Se és feliz, não precisas mostrar para todo o mundo. Isso tem verdade, mas não totalmente. Se és feliz, tens de o ser na totalidade, na completude, na nirvana. Mesmo que isso te traga inveja, mesmo que isso dê algumas negatividades alheias. Mas se és feliz, tens de viver, viver ao máximo. Se és feliz, EMANA! NIRVANA o máximo de energias positivas. A vida é curta demais pra ta fingindo empatia. Por isso tratemos de ser felizes, realizados e cheios de vibrações positivas e infinitas pras pessoas que amamos e queremos bem. Até mesmo pra aquelas que não queremos tanto assim. Tudo nessa vida passa, mas a felicidade fica. Portanto exale felicidade, paz, amor e ótimas vibrações.

Tainah Palmeira 





sábado, 16 de julho de 2016

Amigos [...]




          AMIZADE de acordo com o seu significado, em alguns dicionários da vida, é um sentimento de grande afeição, simpatia, apreço entre pessoas ou entidades. Amizade quer dizer companheirismo, cumplicidade, lealdade, compreensão, altruísmo e muito mais...! Nela só pode conter coisas boas, senão não seria a m i z a d e. Mas será que existe diferença entre amor e amizade? Eu, particularmente, creio que sim. O amor é um pouco mais sensível, e a amizade bem segura. É como se o amor nos desse azas e a amizade um chão, uma compreensão. Amigos. Não há como explicar porque só alguns são escolhidos, porque muitos se vão e outros se perenizam em nossas vidas. Alguns são da família, mas há os que surgem de surpresa, por acaso em nossas vidas e ficam para sempre! Tenho amigos que sabem o quanto são meus amigos, sabem o tamanho do meu afeto e da minha necessidade por eles. Voltando ao tradicional, ter um amigo é poder confiar plenamente, é estar sempre disposto a ajudar nos momentos de dificuldades, creio que este seja a nobreza da amizade. Eu tenho alguns. Nem preciso de muitos. Tenho os de todos os dias. Só os essenciais, os de verdade. Eu tenho a Fran, com suas mudanças de estado, uma hora esta estressada e ao mesmo tempo exalando sentimento até demais. Literalmente, “uma mulher de fases”. Tem dias que a Fran me aparece triste e calada, e eu, vou lá do meu jeitinho meio torno tentar fazer algo pela Fran. Ela é daquelas amigas que te aconselha, que quer te vê sempre bem e feliz. Ela me encoraja, me dá ânimo. E até diz que sou capaz de tudo. Não sei mais viver sem a Fran! Eu tenho a Van. Ah! Que menina meiga e delicada. Com seu jeitinho simples conquista à todos, e conquistou imensamente o meu coração. A Van, é caladinha, é daquelas amigas que concorda com tudo o que você diz. Não é muito de conversa, talvez pela timidez, mas quando fala, suas palavras expressam serenidade e alegria. E constantemente, precisamos dessa serenidade em nossas vidas. Não sei mais viver sem a Van! Eu tenho a Lili. Ah! Sabe aquelas amigas “bagaceira”? Pois pronto, ta ai uma amiga pra todas as horas. Foi amizade por acaso, foi destino mesmo. Porque Deus quis que essa pessoa entrasse na minha vida e a mudasse completamente. A Lili é “bagaceira”, mas também é meiga. Tem um coração enorme, e eu sei que dentro dele tem um pedacinho de mim. Nós somos amigas de todas as horas, de todos os dias. A parceria é grande, até demais! É na alegria e na tristeza, é no desespero e nas conquistas. Com ela eu aprendi, que podemos ter tudo que queremos, é só esperar a vontade de Deus. Menina de fé inabalável. É sim, sempre reza por mim e para que tudo ocorra bem nas nossas vidas. A gente ri, a gente briga, a gente se ama, a gente bebe, a gente come “beaucoup” (haha) e a gente se diverte mais que tudo, com nossas histórias malucas, coisa de amiga mesmo. Não sei mais viver sem a Lili! Mais também tenho a Geska (haha) que é a tampa da nossa panela. A nossa “pariceira”, que também é amiga de todas as horas, e assim como Lili, come até umas horas. A mulher só pensa em comer, ou dormir! A parceria também é grande. Foi presente de Deus pra mim. Porque só eu e Lili pra aturar ela mesmo. É de fases também, assim como a Fran. Tem dias que a mulher é um amorzinho, delicada como uma flor, mas tem dias que só Deus (kkk) A gente se diverte pra caramba com as histórias da mãe dela. Oh mulher divertida! É, não sei mais viver sem a Geska! E tenho também a Leidi, a (Leidi Laura), a minha amiga literária. Que também foi amizade de acaso, mas hoje eu não vivo sem. É verdade, as amizades de acasos são as melhores. A Leidi é divertida, e tem um coração enorme. Sempre esta disposta a te ajudar. Tem uma risada que só Deus na causa, mas que contagia todo mundo. Tem um sorriso aberto e as mãos sempre estendidas, dispostas à doação. A gente compartilha dos mesmos gostos, pelos livros, pelos vinhos e pelas letras. Leidi foi um dos melhores acasos. E tenho o Wal, que além de amigo é o meu amor. A cumplicidade de uma vida e a certeza de saber que aconteça o que for você sempre terá alguém do seu lado. Mesmo que esse lado não seja físico, será emocionalmente forte para ser percebido. É o meu melhor amigo de todos os dias e todas as horas. Divide comigo os melhores sentimentos e eterniza na memória momentos, lembranças e felicidades. Assim como os outros. A amizade transmite segurança, fortaleza, grandiosidade. É aquela coisa gostosa que fica no coração, e que a distância não faz estrago, porque é retomar a conversa e o tempo vira uma abstração. É a semente bem plantada em terreno fértil, que nascem cheias de vida em nosso peito. É enfrentar algumas situações difíceis, sempre superando obstáculos. Ao longo da vida, a gente faz amigos. Por mistério, alguns serão sempre amigos, não importa quanto tempo passe, quanto silêncio exista, outros se perderão enclausurados numa época específica. A amizade tem seus segredos e escolhas. É sentimento caprichoso, faz separações, ignora o tempo. Amigos são pessoas raras, difíceis de encontrar e que diariamente, com palavras, gestos ou atitudes, estão sempre agradando, conquistando, mesmo que quando necessário, nos digam um “não”. Ajudam em nossas dificuldades, dão-nos paz em meio ao inesperado, sorriem ou choram conosco, e mesmo quando as decepcionamos, possuem bondade, coragem e habilidade necessárias para buscar recomeços. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Espero que saibam que os adoro. Eles são lindos onde mais importa. Por dentro! Valorizam minhas qualidades e não os meus defeitos, me apoiam, querem me ver crescer, sorrir, e feliz. Apesar da natureza e jeito mais rude de ser e de falar de alguns, é com atitudes ou palavras sinceras, mas com carinho e educação, que sugerem mudanças onde estamos errando mais, nos mostrando que, na hora da verdade, ninguém engana a vida. Por somente desejarem o nosso bem, suas opiniões e ponderações devem ser sempre consideradas mais importantes do que a de simples colegas ou companheiros. Diferentemente destes, que na maioria das vezes são simples possuidores de algum interesse em estar ao nosso lado, em nossa ausência não nos criticam, mas nos defendem. Buscam não nos trazer os seus problemas, mas soluções para os nossos. Pensam conosco e sobre nós. Conhecem nossos planos e de algum modo deles participam – mesmo que somente com energias positivas -, para que se tornem realidade. Eu tenho amigos e eu não sei mais viver ser. 



Tainah P.


Ps: Para meus lindos, Alíssia Bezerra, Géssika Demétrio, Francisca Nunes, Vanila Alves, Leidiane Faustino e Walmir Paz. Eu amo vocês de todo coração. <3 

sexta-feira, 15 de julho de 2016

CRÔNICA - Da Série, as formas de amar [...]




O amor não obedece à razão. Isso é claro!


O verdadeiro amor sobrevém por afinidade, fascínio, por conjuntura estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é fã de algum cantor que você gosta, ou porque ela esbanja simpatia, ou veste-se bem, ou simplesmente porque é educada, meiga e linda. Não se pode amar pelas qualidades. Isso é verdade! Caso o oposto, os simpáticos, honestos e leitores teriam uma grande fila em sua porta. São só suposições! Uma pessoa, ama pela essência, pela paz, pela serenidade interior, pela tranquilidade, pela amizade, pela harmonia, pelo silêncio e até mesmo pela trégua. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro te proporciona, ou até mesmo, pelo tormento que provoca. Ama-se pela voz calma e suave, pelo modo de olhar, pelo momento frágil que se revela quando você menos espera. Amar requer muito mais do que beijos, abraços e palavras. Sentir-se amado, é perceber o quando que a pessoa tem interesse na sua vida. É zelar pela sua alegria, e compartilhar elas com você. É preocupa-se quando tudo vai indo errado, e fazer de tudo para poder te ajudar, mesmo que seja com poucas palavras, ou só pela demonstração de preocupação. É colocar-se a ouvidos pra escutar suas dores, suas alegrias e conquistas. É de dar conselhos naquele momento de dúvida, e colocar-se a posto para ouvi-las. É dar uma sacudida no seu ânimo, mesmo com piadas sem graças, que te faz rir só pelo fato de o outro rir. É te dá uma sacudida, uma alertada quando for preciso. Ser amado é ver que ele não esquece de coisas que você contou à 5 anos atrás. É ver como a sua tristeza também deixa ele triste. Mas também é vê como ele sorri com serenidade, quando você está fazendo uma tempestade no copo d’água. Eu posso dizer que só se sente amado aquele que não transforma a dor e a mágoa em pretextos na hora da discussão, que não utiliza esse sentimento como munição para ferir o outro, mesmo que ele tenha errado. Sente-se amado aquele que pode falar e sentir-se compreendido, sentir-se aceito e inteiro, por ser exatamente como é. E não precisar mudar, porque a sua mudança vai ser agradável para o outro. A sua mudança tem que ser agradável para você. Sem ter que inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Pelo meu conhecimento literário, uns morrem, outros vivem infelizes, outros vão pra longe, outros conhecem outras pessoas, mais vivem infelizes. Então, sentir-se amado é perceber que o beijo dele é mais viciante que livros. É perceber que o seu jeito de sorrir o deixa imobilizado. Que você adora brigar com ele e ele adora implicar com você. É, isso tem nome. Amor, ou a forma de sentir-se amado. Amor é você poder registrar aquela pessoa como uma câmera na mais lenta captura. É comer com os olhos, literalmente. É saborear da íris. É entrar pela janela da alma e morar dentro, no mais puro aconchego. No cantinho que é só seu. 

Amar, é amar mesmo nas não concordâncias. É você gostar de Mpb e ele de Sertanejo. É você gostar do frio e ele do calor. É vestir a roupa que você não quer, porque ele sempre vai vestir o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado, mas no fundo você acredita que sim. Porque as vezes ele te surpreende com uma rosa, toca violão (não que um príncipe toque violão), te declama poemas, ou até mesmo, riminhas inventadas na hora pra te fazer sorrir.

Ah, o amor, essa coisa. Quem dera o amor não fosse um sentimento. Fosse um romance feliz de livro, em que tudo ocorre bem e feliz. Amar não requer conhecimento prévio, nem intertextualidade sobre outros amores. Ama-se justamente pelo fato de o amor ser indefinível, inexplicável. Porque mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Agora reflita. Será que um eu te amo diz tudo ? 


Tainah Palmeira





Bonsoir mes amours !

Hoje eu trouxe pra vocês a primeira crônica que escrevi, a um certo tempinho! Espero que gostem e compartilhem.

Bises, até a próxima postagem!

Tainah P. 



terça-feira, 12 de julho de 2016

Filme Francês - Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain (O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain, 2001)

Bonsoir, mes amis :) Comment ça va? 
J'espère que va tout bien!

Hoje compartilharei com vocês, sobre um dos meus filmes favoritos, e é claro, de origem francesa, porque os franceses são tops (rsrs) <3







        Tão vendo essa menina ai com o sorriso na tela? Pois bem, ela se chama Amélie. Fechada em seu mundo interior, Amélie vê tudo no mais cor de rosa e, impulsionada por uma descoberta em seu próprio banheiro, decide ajudar o mundo. Durante sua caminhada, ela aprende a ajudar a  si mesma. 



               O filme se chama Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain - FRA 2001, (O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain) e fala sobre as coisas mais simples da vida. Sobre as neuras de uma família meio desajeitada. Os sonhos de uma garota que nunca teve amigos. A busca do amor. (Algumas pessoas dizem que o quanto mais simples algo é, mais difícil é de se conseguir, certo? Errado, e Amélie está aqui para provar isso.)



         Le fabuleux destin d'Amélie Poulain é um filme francês de 2001, dirigido por Jean-Pierre Jeunet e com roteiro de Guillaume Laurant. Pertence ao gênero comédia romântica, entretanto, há traços de fantasia, uma característica do Jeunet é misturar o universo fantástico à realidade além da pitada de humor infantil. No quesito premiação, em 2002, ganhou Melhor Roteiro Original e Melhor Desenho de Produção no BAFTA, Prêmio da Audiência no Festival Internacional de Edimburgo, Prêmio do Público no festival de cinema de Toronto e Prêmio Adoro Cinema de Melhor Atriz Revelação (Audrey Tautou no papel-título), além das várias indicações: cinco ao Oscar, uma ao Globo de Ouro, sete ao BAFTA, treze ao César e uma ao Grande Prêmio Cinema Brasil. 



        O filme começa com o narrador nos contando eventos mínimos, aleatórios e simultâneos à que originará a menina Amélie Poulain (Flora Guiet). Em seguida, conta como é sua infância sem contato com outras crianças, como são seus pais, como é sua relação com eles e as desventuras pelas quais a pequena Amélie passa. Seu único amigo é um peixinho que por não aguentar o clima estranho da família constantemente tenta se suicidar. Após uma dessas tentativas, a mãe da garota se estressa e joga ele no rio da cidade enquanto a menina assiste a cena sem poder fazer nada. O filme tem passagens ótimas logo de cara. Jean-Pierre Jeunet mostra o gosto de cada personagem da família Poulain. A mãe de Amélie, por exemplo, acha o suprasumo da diversão encerar o piso com suas pantufas (as donas de casa de plantão enxergarão um certo exagero aí). A mãe acaba tendo uma morte ridícula e cômica, na qual uma turista pula de cima de uma igreja para se matar e acaba esmagando a professora sistemática. Mas Amélie não se deixa abater; continua sua fase de crescimento, apesar de ver-se cada vez mais distante de seu pai, que aos poucos se isola do mundo.


          Já nos primeiros minutos, Amélie, revela-se como uma figura graciosamente estranha. Por ter pais frios e distantes, está habituada ao seu próprio isolamento. Não há abraços ou manifestações de carinho; as únicas ocasiões em que recebe atenção são as que seu pai, com um estetoscópio, realiza o exame clínico mensal. Por não estar acostumada com este tipo de contato tão direto, Amélie tem seu coração disparado; disto, seu pai conclui uma anomalia cardíaca. Sua mãe, professora severa e carregada de perturbações neuróticas, decide que Amélie deve ter aulas em casa, em decorrência do falso diagnóstico.




       E então, após traçar todo esse perfil, mostra-a crescida, já em 1997, saindo de casa para morar no bairro Montmartre (famoso pela animada vida noturna e por ter se tornado ponto de encontro de artistas e intelectuais) e trabalhar de garçonete no café Les 2 Moulins (que se transformou em atração para fãs do filme que vão lá tomar algo e ver o gnomo do filme que permanece lá).





           O longa é de uma sensibilidade sem tamanho. A simplicidade com que tudo é retratado encanta qualquer um. Cada personagem tem um pouco de seu íntimo revelado ao expectador, sendo expostos seus gostos e desgostos cotidianos. Isso permite que eles [os personagens] se aproximem de quem quer que esteja assistindo. Os pequenos prazeres da vida são destacados sobretudo por Amélie, que adora, por exemplo, enfiar a mão num saco de cereais; gosto este do qual confesso partilhar.




        Um evento evidenciado na história é a morte de Lady Di. Ao assistir a notícia do acidente, Amélie derruba um objeto que bate no ladrilho mostrando um esconderijo no apartamento antigo onde o morador anterior havia escondido um "tesouro" quando criança. A jovem então é motivada a entregar anonimamente a caixinha ao dono, fazendo de tudo para descobrir quem ele é. Um outro morador do prédio, Joseph (Dominique Pinon), o "Homem de Vidro", a ajuda dizendo que é Dominique Brotodeau (Maurice Bénichou) quem ela procura. A partir da reação do Sr. Brotodeau ao receber o seu tesouro de infância, Amélie ganha gosto em ajudar as pessoas a seu redor através de pequenos atos e estratagemas. Mas no decorrer das cenas, o cineasta mescla humor com ternura. O resultado é que o espectador fica tocado pela inocência de Amélie e se pergunta: será que ainda existem pessoas boas? Pessoas capazes de dar a mão a um ceguinho e ajudá-lo a atravessar a rua? E mais: pessoas que descrevem um simples trajeto para alguém que não pode ver? Coisas tão fáceis e ao mesmo tempo tão difíceis de se fazer. Amélie ajuda desde um cego na rua até suas colegas de trabalho, seus vizinhos e tenta ajudar seu pai que vive em luto, a viajar através do gnomo que ele tanto adora. Amélie anda de metrô e, acredite, dá de livre e espontânea vontade moedas aos mendigos (ótima a passagem em que um deles se recusa a aceitar o dinheiro alegando que não trabalha aos domingos!)  Amélie começa a ter uma certa proximidade com Joseph e com ele a ajuda torna-se mútua. Mas a jovem não faz apenas boas ações como também ataca de justiceira fazendo "travessuras" com quem é mau na visão dela, uma das comicidades do filme.





    Em meio a todos esses fatos ela se apaixona à primeira vista por um rapaz e, por pura timidez e falta de trato nas relações interpessoais, começa a fazer um jogo de pistas para que ele a encontre. Ele, Nino Quincampoix (Mathieu Kassovitz), é tão 'estranho' quanto ela. Trabalha numa sex shop e no trem fantasma de um parque, coleciona fotografias instantâneas que as pessoas jogam fora, é fissurado por um determinado senhor que tem dessas fotos espalhadas por todas as máquinas da cidade e embarca na aventura que é tentar conhecer a moça que encontrou seu álbum perdido. 


    No decorrer da trama amizades são consolidadas, benfeitorias são realizadas, peraltices são feitas e principalmente o ponto alto da história pode ser sentido: o prazer nas pequenas coisas e nas sensações que elas causam. Amélie é uma personagem sensível que procura esses pequenos prazeres cotidianos e isso é incrível.


        Quanto à fotografia do filme posso dizer que é encantadora e ouso dizer magnífica. Como se pode perceber as cenas são cotidianas entretanto há a fantasia característica do diretor mais uma vez nos detalhes: de iluminação, em cenas como a do coração de Amélie visível e disparando, da cópia da chave em seu bolso como se tivéssemos visão de raio-x, dos casais tendo orgasmos simultaneamente, na escolha de cores predominantemente contrastantes.O verde, o vermelho e o amarelo sempre presentes nas cenas, harmonizando e disputando a atenção dos espectadores. Curiosamente, essa escolha de cores foi inspirada no trabalho do artista plástico brasileiro Juarez Machado. É fascinante não só a história, mas também o modo como ela é retratada. Jeunet fez uso de ângulos dinâmicos e principalmente inusitados, além de uma edição de luz espetacular na qual determinadas cores se tornam mais realçadas e outras mais opacas.






        A respeito da trilha sonora digo que muito me agrada e combina bem com o clima das cenas e da história. Sendo em sua maioria instrumental, remete bem aos ares franceses, ora animadas, ora tranquilas, ora soando quase como canções de ninar. Essa trilha foi composta por Yann Tiersen. Conheci as canções antes de ver o filme e foi uma das motivações para querer assisti-lo o quanto antes. Deixo a seguir o áudio que ouvi.


       


        Além de todos esses pontos que ressaltei aqui, o filme contém muitos outros e nos mostra como determinados fatos moldam o caráter e a visão do mundo de uma pessoa.  É um filme simples, ingênuo e engraçado. No mundo moderno, onde todos estão tão preocupados consigo mesmo, tão mergulhados no trabalho, nas contas e no seu mundinho individualizado, Amélie Poulain surge como uma fada madrinha. Poderia ser um conto de fadas, com elfos e anões, como a superprodução "O Senhor dos Anéis". Mas não é. Amélie não precisa de varinha mágica para mudar o mundo. Tudo o que ela faz é prestar atenção no próximo e tocá-lo de alguma maneira. E isso vale, e muito!



Espero que tenham gostado e que se ainda não assistiram a esse filme se interessem por assisti-lo. Se quiserem acrescentar algo, por favor, sintam-se à vontade, a caixa de comentários estará sempre aberta.


Bises, até a próxima postagem!
Tainah P. 





Au revoir! :* 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Livro - "Contos de Fadas"

Salut, mes amis ! Ça va ?


         Hoje vou escrever sobre um livro que eu amo de paixão. O livro é "Contos de Fadas", organizado pela editora Zahar, a edição é bolso de luxo. (É lindo, lindo e lindo! E sou apx por ele <3) Nele encontra-se vários contos clássicos (a maioria voltado para o público infantil, com um teor de fantasia) que embalaram a minha infância, e acredito que a de vocês também. Sempre li contos de fadas, desde pequena, e sou apaixonada por eles, mas eu me apaixonei mesmo quando conheci o autor francês Charles Perrault. Pra mim, os seus contos são os melhores (não menosprezando os outros autores, mas eu, particularmente, acho!) 



      Contos de Fadas reúne todas as belas histórias que encantaram nossas infâncias, como: Cinderela, A Bela e a Fera, Chapeuzinho Vermelho, Barba Azul e outras são apresentadas em sua real versão, com seus finais felizes ou não. (Sim, nem todos os contos de fadas têm finais felizes!) O livro é dividido entre autores, por exemplo, uma seção de Perrault, outra de Grimm e etc. Achei interessante essa classificação, pois assim conhecemos melhor a escrita e as ideias de cada autor.Todos os contos mantém seu enredo básico, como conhecemos, além da moral e do ideal característico. Mas, por serem as histórias reais, notaremos fatos que desconhecíamos. Além disso, o contato com as narrativas pode despertar a nostalgia, a satisfação e o espanto. É realmente legal e aterrorizante conhecer novos finais, na verdade, os desfechos verdadeiros. Outra coisa que achei interessante é que em cada seção, do devido autor, contém um breve biografia sobre tal, e muitas e muitas ilustrações maravilhosas ao longo do livro. 




      Eu realmente me senti voltando à infância durante a leitura dos contos, cada um me surpreendia de uma forma e me remetia a lembranças da minha infância. Em vários momentos da leitura, me surpreendi com algumas passagens diferentes da que me recordava. (pra ser sincera, essa foi a primeira vez que revisitei os contos de fadas desde que eu era criança, então obviamente muita coisa era novidade, a principal é que nem todas as histórias têm um final feliz.) A maioria tem um teor instrutivo, lúdico e com uma lição ao final. Eu gostei muito de ler cada conto e conhecer a história de vários sem o encanto e a magia da Disney, foi interessante! E uma experiência prazerosa voltar à infância durante a leitura. Meus contos favoritos são: A Bela e a Fera, Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, etc. Virei fã da coleção “Clássicos da Zahar” e aos poucos estou adquirindo os meus.  É um livro para os amantes dos livros não botar defeito. O livro é enriquecido com várias pinturas e desenhos, muitos deles raros, que tornam a leitura dinâmica e interessante. 



Siiiiiiiiiiim !!! E os contos nos revelam várias surpresas, como: Branca de Neve não acorda com um beijo. Nem Bela Adormecida. (haha) O príncipe de Rapunzel fica cego. E Rapunzel cria seus filhos gêmeos sozinha durante um tempo. João sobe o pé de feijão várias vezes antes de triunfar sobre o gigante. Bela, de A Bela e a Fera, não é filha única. Cinderela cai na balada duas vezes antes de perder o sapatinho. (kkk) 



É irrefutável o sentimento saudosista ao ler essa obra. A cada "Era uma vez", esse livro nos faz viajar no tempo e resgatar a criança que existe em nós. Leitura fácil, rápida e gostosa. Super recomendo!Espero que vocês tenham gostado e se você gosta de Contos de Fadas, não pode ficar sem esse livro, é certeza de que você vai amar!








Bises :* 
Até a próxima postagem :) 









domingo, 10 de julho de 2016

Resenha - O Pequeno Príncipe

Ah o Pequeno Príncipe! Quem me conhece sabe bem que esse livro é a minha cara. Sem falar que é um dos meus preferidos <3  A primeira vez que li o livro foi em francês e me apaixonei perdidamente pela história, depois li em português, a história não muda, é a mesma coisa. Sem contar nas 5 vezes que já li (rsrs) 




   


O título do livro em Português é: O Pequeno Príncipe 
 Seu título original é: Le Petit Prince (em francês). 
O autor é: Antoine de Saint-Exupéry
A editora da minha versão em português é a: Agir Editora Ltda. 
Páginas: 100
ISBN: 978.85-220-0523-9  
E a do em francês, a editora é: Gallimard
Páginas: 116
ISBN: 978-2-07-061275-8






CONHECENDO O AUTOR:


Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944) foi um escritor, ilustrador e piloto francês. Nasceu em Lyon (França) no dia 29 de junho de 1900. Era o terceiro filho do conde Saint-Exupéry e da condessa Marie Fascolombe. Estudou no colégio jesuíta Notre Dame de Saint Croix e no colégio dos Maristas, em Friburgo, na Suíça. Em 1921 ingressou no serviço militar, no Regimento de Aviação de Estrasburgo, após ter sido reprovado para a Escola Naval. Tornou-se piloto civil e subtenente da reserva. Em 1926 foi admitido na Aéropostale, onde começou sua carreira de piloto de linha, voando entre Toulouse, Casablanca e Dacar. Antoine de Saint-Exupéry escreveu para jornais e revistas francesas. Escreveu diversas obras, sempre caracterizadas por elementos de aviação e de guerra, entre elas: "O Aviador" (1926), "Voo Noturno" (1931), "Terra dos Homens" (1939), "Carta a um Refém" (1944). Seu livro mais importante foi "O Pequeno Príncipe" (1943), cuja obra é rica em simbolismo, com personagens como a serpente, a rosa, o adulto solitário, e a raposa. O personagem principal do livro vivia sozinho num planeta pequeno, onde existiam três vulcões, dois ativos e um já extinto. Outro personagem representativo é a rosa, cujo orgulho, levou o pequeno príncipe a uma viagem pela terra. Na viagem, encontrou outros personagens que o levaram ao desvendamento do sentido da vida. Antoine de Saint-Exupéry morreu em um acidente de avião, durante uma missão de reconhecimento, no dia 31 de julho de 1944. Seu corpo nunca foi encontrado. Em 2004, foram encontrados os destroços do avião que pilotava, a poucos quilômetros da costa de Marselha, na França.





VAMOS À HISTÓRIA:

            O livro narra a história de um piloto que desistiu de ser desenhista em sua infância, justamente porque os adultos não entendiam suas pequenas obras de artes. Deste modo, percebemos que o autor nos relata as divergências entre os adultos que perdem os seus sonhos e a esperança que existe na criança, que vêem uma vida sem obstáculos, sem barreiras. 

       Foi no deserto, depois de uma pane no sistema de seu avião, que ele forçou o pouso de emergência, e que nosso narrador-personagem encontrou o Pequeno Príncipe pela primeira vez. O piloto estava dormindo sua primeira noite solitária no Saara e já planejava o conserto demorado do avião quando o menino meigo de cabelos louros simplesmente apareceu e o chamou. Pediu que o piloto desenhasse, e, consequentemente, desse vida à um carneirinho para sua companhia. Isso nos mostra simplesmente, o pensamento de uma criança, (a simplicidade pela qual é narrada a história, fez com que "O Pequeno Príncipe" marcasse um número de 134 milhões de livros vendidos em todo o mundo, sendo 8 milhões apenas no Brasil e traduzido para 220 línguas e dialetos.) À partir daí, o piloto começou a conhecer melhor o sábio garoto, buscar entender como chegara até ali e de onde viera.


         A vida simples do Pequeno Príncipe, que tinha a possibilidade de ver constantemente o pôr do sol, e seus cuidados com sua rosa, formavam o seu ser, formava o que ele era. (Ele, assim como todos nós temos um pouco do que vivemos, do que vemos e ouvimos, do que aprendemos com os outros e o que aprendemos com as pessoas que convivemos). O Pequeno Príncipe havia feito uma viagem por inúmeros planetas até alcançar a Terra. Em sua pequena casa, deixara, todo ressentido, sua rosa espinhosa para trás, e fora atrás de aventuras. (É engraçado! Tudo nesse livro nos leva a pensar em sair da nossa redoma inquebrável, para conhecer outros mundos, outros planetas, assim como outras culturas e outros povos)

     
No primeiro planeta, lidou com um autoritário rei, que ficava constantemente a espera de um súdito. Em seguida, conheceu no próximo planeta visitado, um vaidoso, seguindo de um bêbado, um homem de negócios, um geógrafo e um acendedor de lamparinas; todos cegos pelos seus vícios. (O Pequeno Príncipe te leva a sair dessa redoma e viajar com ele, conhecer sua diversidade, conhecer personagens incríveis, com suas formas loucas e diferente de pensar, como o rei que tudo ordenava, mas só o que estava dentro do possível, ensinando-nos que cada um só pode dar aquilo que se tem. Ou o homem de negócios que contava as estrelas que, em sua mente, todos pertenciam a ele, quase sem tempo para viver, ele se assemelhava ao bêbado, com seu vício em trabalho. Assim como a doce raposa que cativava o coração do Pequeno Príncipe, assim como o nosso, e ensina a cada um que ninguém vive sem amor, sem cuidados e carinho.)




“[...] – É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar – frisou o rei. – a autoridade se baseia na razão. Se ordenar o povo se afogar no mar, ele fará uma revolução. Tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são sensatas.” 



Essa complexidade de seus personagens, me faz pensar na forma em como julgamos as pessoas, e em como julgar é errado, já que cada um tem seu próprio mundo, seu próprio jeito. Pra mim, um fato pode ser errado, mas para o outro não.   




“ É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se conseguir julgar a si mesmo, provará que é um verdadeiro sábio.”




     Nesse meio-tempo, O Pequeno Príncipe desenvolveu seu interesse pelo planeta Terra, que era maior, cheio de paisagens diferentes e com vários animais distintos. Conheceu primeiramente uma cobra, depois, uma raposa, e enfim, nosso piloto. Mas os dias de possível sobrevivência do piloto estavam se esgotando. A água só duraria oito dias! Eles precisavam encontrar um meio rápido para ir embora, ou morreriam. 



     Não podemos esquecer-nos de falar da raposa, creio ser uma importante personagem, que ensina ao pequeno príncipe o valor da amizade, juntamente com a palavra "cativar", que significa "conquistar" e requer responsabilidade para tal:
” Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. ”



       O encontro com a raposa faz-se muito importante para a revelação do ser-aí, no momento em que a raposa diz ser responsabilidade do príncipe cativá-la. E essa é a mensagem que fica em relação à amizade, por exemplo, o cativar está relacionado com o cuidado, com o vínculo e com a afetação. Muitas vezes a linguagem pode não dar conta da capacidade de entendimento e compreensão dos fenômenos, é preciso estar atento a todas as expressões emitidas pelo sujeito numa tentativa de olhá-lo em sua completude. 



      Essa é uma obra que nos mostra uma profunda mudança de valores, que ensina como nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas que nos rodeiam. Pela rotina corrida, nós nos entregamos a nossas preocupações diárias e esquecemos a criança que já fomos. A ler o Pequeno Príncipe recuperei a criança que havia em mim, abri uma fresta no tempo. E como se pudéssemos sentir o cheiro da flor, ou simplesmente a sua voz, ou falar com as estrelas. O Pequeno Príncipe é enigmático, profundo, e escrito de uma forma metafórica. Antoine fez um trabalho realmente incrível ao revolucionar a literatura infantil. Nessa obra, Antoine deixa claro a magia da criação de personagens, planetas e outros elementos criativos que saiam da linha das convenções, não é a toa que o personagem Pequeno Príncipe simplesmente caiu de pára-quedas na vida do autor, que, depois de um desenho despretensioso, deu vida a ele. Todos seus personagens e elementos se ligavam a pessoas e fatos da realidade, modificados pela criatividade do autor. 
 


       Muitas coisas haviam acontecido na vida de Antoine e no mundo, quando o livro foi escrito. A separação de sua esposa fora recente e a Segunda Guerra Mundial estava no seu ápice. Antoine precisava contribuir para o mundo e transmitir suas sábias palavras. E qual melhor modo de contribuir para o mundo se não cativando as crianças? 


    O Pequeno Príncipe traz um moral incrível em suas entrelinhas! É um grande exemplo para crianças e para adultos. Há vários assuntos tratados como: tolerância, valorização, vícios, manias e o amor. Há uma grande crítica aos adultos, que se não são viciados, são autoritários, preguiçosos, vaidosos demais e apressados. Antoine se demonstra um grande doutrinador de crianças, transformando toda sua sabedoria de uma vida inteira em uma história simples e facilmente assimilável. 







      Contudo, o autor poderia ter deixado sua história mais fluída. Senti falta de algumas artimanhas usadas por vários escritores para conectar os capítulos e os fatos; tudo parecia abrupto e simplesmente jogado, sem ter uma preparação para a contextualização. Fora esse pequeno quesito, Antoine me surpreendeu muito! Indico o livro para todos os públicos literários. Trata-se de uma obra que todos, em algum momento de sua vida deveriam ler e reler. É um livro cheio de cor, imagens, fotografias e curiosidades! É impossível de não se cativar por essa emocionante e inesquecível história.







Afinal : “Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.”
 






     Depois dessa linda e fascinante história, o que eu tenho pra dizer pra cada um de vocês é: -Você é você. Você é tudo o que viveu e o que representa para as pessoas que ama. Isso faz parte da sua história, isso faz você ser quem é!



” Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. ” <3 




Espero que gostem da postagem!
Bises, à demain! :) 
Tainah