sábado, 30 de julho de 2016

[As coisas resolvem-se sempre, não é?]

        De uma forma sonolenta e cuidadosa, saiu da cama, agradeceu por mais um dia, vestiu um robe e foi para a cozinha. Fazia isso todos os dias, e pensou: "que ritual o meu". Precisava de um café, pois assim como a noite, e toda a semana foi complicada, e era notório em seu rosto e corpo cansados. Tudo rugia, as dores no corpo, a dor de cabeça e um baita resfriado, e ela sempre tentando ignorar esses momentos, mas, operação realizada sem sucesso. Hoje ela fez o café, sentou-se na varanda, nessas cadeiras de descanso, que você senta e não da vontade de sair mais, bebeu seu café com facilidade, pois o dia estava frio, e o café bem quentinho. Tinha fome, comeu um pãozinho que tinha acabado de sair do forno. Pegou um livro, pois ler era uma terapia quando a vida teimava em fazer-lhe mal. Começou a ler, e se deparou com uma história, história de morte e refletiu: “às vezes a morte parece-me uma realidade mais satisfatória do que a vida em certas circunstâncias, e sei que a um tipo de paz que a morte pode trazer”. Não pensava frequentemente nisso, mas havia dias em que lhe passava essa ideia pela cabeça, talvez porque tinha curiosidade de saber como era a morte, ou qual a sensação de morrer, leu, página por página, minuciosamente, uma espécie de auto-destruição por um bem maior. Enquanto lia, bebia seu café, o café acabou. Colocou outra xícara, porque a vontade de voltar pra cama e pro quarto passou, porque a realidade do que se passava na varanda, no café e na leitura, era mais real. No fundo de sua alma, ela só queria paz, paz de corpo e alma, pois é sempre o nosso corpo que nos revela os sinais dos cansaços das lutas diárias. Sabe-se Deus o que se passava na mente dela, gostava de ficar consigo, sozinha, a ler e desfrutar de alguns mínimos prazeres que a vida oferece. No entanto, enquanto bebia seu café, mentalizava que era tudo na sua cabeça. Que ela que precisava de criar certos filmes para sentir que as coisas ainda estavam vivas, que ainda se tem muito tempo pela frente, e que as coisas boas vão acontecer. Deveria ela estar a alimentar uma ideia de que era culpa sua? Talvez fosse, ou talvez foi o seu destino que quis assim, ou talvez lá na frente, em um tempo que não será muito distante, Deus tenha preparado algo melhor para a sua vida, e ela entenderá que tudo que acontece é de acordo com os planos dele. "Um dia de cada vez", pensou. O dia de amanhã vai ser melhor. Além disso, não desistia com a facilidade que deveria e isso era uma das coisas que sempre considerara um ponto forte. Lute até o final, pois o final tem muito para dar. É só um mal mês, pensou. As coisas resolvem-se sempre, não é?



Tainah P. 
30/07/16




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